Preço de imóveis começa a desacelerar

Mesmo com a turbulência, que atrai investidores para esse mercado, analistas apontam que ritmo deve diminuir

Valor dos lançamentos de um quarto subiu 24,5% em SP no 1ë semestre, ante 77,2% no mesmo período de 2010

Fonte: Folha, 15 ago. 2011


Após um período de alta vertiginosa, o preço dos imóveis residenciais começa a mostrar desaceleração, apesar de seguir em ritmo forte de crescimento.
Os lançamentos de um quarto ou sem divisória, por exemplo, subiram 24,5%, na média, na capital paulista no primeiro semestre ante o mesmo período no ano anterior. Nos primeiros seis meses de 2010, a elevação havia chegado a 77,2%.
A dúvida agora, com o agravamento da crise econômica mundial e os possíveis reflexos na economia brasileira, é como esse mercado vai se comportar.
Em tempos de turbulência, os investidores que aplicam em ações buscam ativos menos voláteis, como imóveis.
Especialistas do setor, porém, apontam que a diminuição no ritmo de alta deve continuar, já que a expansão registrada nos últimos anos não era sustentável.
As vendas de imóveis novos na cidade no acumulado do ano até maio, dado mais recente divulgado pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação), também apontam isso, com redução de 34,3%.
E, como lembra João Crestana, presidente da entidade, a comercialização dos lançamentos, que estava ocorrendo em intervalo de um a três meses no ano passado, agora fica entre seis e oito meses.
"Após dois anos de forte elevação, o valor está acima do justo e não dá mais para readequar o tamanho dos imóveis [para uma dimensão menor]", diz João da Rocha Lima Jr., professor da Poli/USP e especialista na área.
Para Luiz Paulo Pompéia, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), responsável pelo levantamento de preços, "o ritmo começa a ser mais cadenciado". "Estamos começando a passar por uma desaceleração, o que poderá ser sentido com mais intensidade no próximo ano."
Além disso, o movimento do mercado é impulsionado pelos compradores que efetivamente vão morar no imóvel. "O reflexo da entrada de investidores deverá ser pequeno. Historicamente, há quem compre mais imóveis na recessão, mas não é uma parcela significativa a ponto de afetar o desempenho do setor", diz Crestana.







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