Marketing Imobiliário: Entendendo e Mudando o Caminho do Consumidor
No passado recente, vivemos anos de extrema euforia no mercado imobiliário brasileiro, desencadeada por alguns fatores em conjunto: grande demanda reprimida, economia estável, alto índice de emprego, juros baixos e muito crédito na praça. Entretanto, o que muitos especialistas deixam de mencionar é que, somado a estes, existiu um outro fator que também contribuiu para o potencializar tal euforia, que foi a imaturidade do consumidor brasileiro, responsável pela realização de muitas compras sem planejamento.
Agora, após esse
período amargo e difícil de recessão que acabamos de enfrentar, uma das mudanças
observadas no mercado imobiliário é, justamente, que nosso cliente ficou mais
maduro e qualificado. Hoje, a aposta é de que, mesmo com grande demanda, juros
baixos e facilidade de crédito (este último, ainda esperado ansiosamente), não
viveremos mais um período tão “insano” de vendas no segmento. O que é positivo,
afinal, um cliente que decide pela compra de um imóvel de forma bem embasada e
planejada está muito menos sujeito à uma futura desistência, o que deve ser
visto com bons olhos por todo o setor, uma vez que não há uma regulação clara
para a contratação e o distrato de imóveis na planta.
Face ao
amadurecimento do consumidor, um desdobramento necessário para todo o mercado é
a estruturação das empresas e profissionais para atender, convencer e converter esse novo cliente, sendo que, para
isso, é fundamental se debruçar sobre os conceitos atuais de marketing e saber como coloca-los em
prática.
A jornada de
compra do consumidor em qualquer segmento mercadológico é algo bem complexo,
que é influenciada por diversas variáveis. E, quanto mais alto o valor agregado
do produto em questão, mais planejada é a aquisição e mais longo é o caminho a
ser percorrido pelo cliente.
Muito se fala
sobre o “Funil de Vendas” no mercado
imobiliário, mas pouco se aprofunda sobre o conceito e a necessidade de
altera-lo, para que as empresas obtenham resultados mais satisfatórios e duradouros
em suas estratégias de marketing.
O caminho do
consumidor atual na economia digital é resumido em “5 As”:
- A1 – Assimilação: fase em que o consumidor é impactado por muitas marcas de forma passiva;
- A2 – Atração: quando o consumidor é atraído e começa a criar memória sobre poucas marcas;
- A3 – Arguição: fase na qual o consumidor é levado a pesquisar pelas (poucas) marcas que ficaram em sua memória (fase anterior – atração): conversa com amigos e familiares, busca avaliações online, compara preços e produtos e vai até os pontos de venda (normalmente, lojas físicas, no caso de bens duráveis);
- A4 – Ação: quando o consumidor decide pela compra, validada na etapa anterior (arguição);
- A5 – Apologia: o consumidor fica satisfeito com a aquisição e passa a ter uma relação de fidelidade com a marca e a recomenda-la a outros consumidores.
Pois bem,
conhecendo esses “5 As”, baseados
num consumidor que está completamente e socialmente conectado, é possível
entender que o grande objetivo de qualquer estratégia de Marketing atual é levar o cliente do estágio A1 (assimilação) ao A5
(apologia), tornando-o o que chamamos de “advogado da marca”.
Atualmente,
num mundo em que as redes sociais são tão relevantes na vida de quase todas as
pessoas que consomem, ter um posicionamento forte no mercado tem relação direta
com mais pessoas falando bem de sua
marca/produto publicamente.
Mas, como
esse conceito se relaciona com o “Funil
de Vendas”?
O funil é, justamente, o comportamento
padrão que é visto nos consumidores de bens duráveis (como os imóveis) em
sua jornada de compra do A1 ao A5. Isto significa que o cliente do mercado
imobiliário tem um processo longo de assimilação e atração, pesquisando e
conhecendo muitas marcas e produtos, mas, no final, acaba por não fazer (ou
fazer muito pouco) apologia à marca que escolhe.
Dessa forma, para
que as empresas do mercado imobiliário estejam adequadas ao momento atual de
conexão da sociedade é necessário que tenham estratégias de marketing que “amarre todas as pontas”,
para transformar o padrão de
comportamento de seu cliente de funil para o chamado padrão gravata-borboleta, no
qual o compromisso do cliente é maior e a afinidade com a marca/produto é
elevada, promovendo a apologia.
Traduzindo
esse conceito para a prática do nosso mercado, temos que, via de regra, o
consumidor de imóveis planeja muito sua compra e toma sua decisão calcado na
experiência real que tem com o produto, isso eleva sua expectativa e torna
muito mais difícil o levar ao estágio A5 – apologia.
Ou seja, para
quebrar esse padrão as empresas devem conseguir atender ao alto nível de
exigência desses consumidores e, para tanto, se atentar a todos os detalhes, permitindo
ao cliente uma experiência positiva durante toda a sua jornada, que inclui,
principalmente, o marketing pós-venda.
A seguir,
alguns pontos de atenção que devem ser observados para que a quebra do padrão
de comportamento funil para a busca do padrão gravata-borboleta:
A1 – Assimilação:
manter estratégias fortes, mas eficientes e eficazes, de outbound marketing com presença maciça nos canais de comunicação online, tais como: links patrocinados nas redes sociais (Facebook, Instagram e Youtube), grandes portais de notícias
através de campanhas de remarketing e
Google Adwords. Aqui vale a máxima: “quem
não é visto não é lembrado”.
A2 – Atração: manter uma atuação
consistente de inbound marketing, com
conteúdos qualificados para o público alvo. Esta é uma estratégia eficaz para
se fazer presente na vida dos possíveis clientes antes do momento da compra,
propriamente dito, afinal, o inbound marketing é responsável por 90%
dos cliques na internet; usar ferramentas
para realizar o monitoramento e atingir eficiência máxima das redes sociais.
A3 – Arguição: ter cuidado na construção
do site, considerando que a apresentação
virtual de um empreendimento imobiliário é tão importante quanto o ponto de vendas
físico. Não raramente, podemos encontrar sites
do mercado nos quais detalhes são negligenciados, como o, quase imperativo nos
dias atuais, “mobile first”; montar
um PDV completo, com todas os itens que possibilitam convencer o cliente, tais
como: maquete, apartamento decorado, imagens, recursos tecnológicos e tudo mais
que esteja aderente ao público alvo, além, é claro, de corretores alinhados e treinados
para atender e sanar todas as dúvidas do cliente e conduzi-lo ao fechamento do
negócio.
A4 – Ação: proporcionar que o processo
de compra seja o menos burocrático e desgastante possível; manter parâmetros de
negociação pré-definidos para as equipes de vendas, analisar rapidamente as propostas
financeiras e emitir contratos com agilidade; estes fatores são importantes na
estruturação de uma estratégia de marketing
que queira garantir uma boa experiência ao cliente.
A5 – Apologia: ter extrema atenção ao
pós-venda, principalmente para apartamentos comprados na planta, quando o prazo
pelo qual o cliente vai esperar o recebimento do produto é longo e de muita
ansiedade; realizar contatos periódicos para atualizar sobre o status da obra, ir além do costumeiro acompanhamento
frio através do site; permitir a
personalização da unidade ao máximo, e com um atendimento profissionalizado e
especial; realizar visitas à obra; manter canais de atendimento para sanar
questões financeiras atenciosos e eficientes; entregar obras de qualidade; dar
um atendimento pós-obra de ótima qualidade, amenizando qualquer problema.
Enfim, é
preciso que os empresários do mercado imobiliário envolvam todas as suas áreas profissionais
na estratégia de marketing, pois, sem
isso, não atingirão o objetivo de
fazer com que os clientes de imóveis estejam aptos a realizarem a apologia das
marcas e continuaremos num universo no qual 80% dos consumidores não têm nenhuma
empresa como referência quando iniciam a busca por um imóvel na internet. Nesse cenário desolador de
anonimato para o mundo em que vivemos hoje, as incorporadoras e, até mesmo,
imobiliárias, que saírem na frente realizando um trabalho diferenciado, terão
muito o que comemorar.




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