A importância da arquitetura especializada nos produtos imobiliários
Pelo
que venho observando, ainda hoje, a maior parte dos incorporadores imobiliários
não dão a devida importância à tarefa de definir quem serão os arquitetos que
darão vida a seus empreendimentos.
Chego
a tal conclusão, não apenas pela baixa qualidade estética e funcional visível
em grande parte da produção imobiliária brasileira dos últimos quinze anos,
pelo menos, mas, como também, pelo nível de apresentação e compatibilização dos
projetos técnicos.
Assim
sendo, mesmo já tendo falado algumas outras vezes sobre a arquitetura no
mercado imobiliário, decidi escrever de forma bem direta como acredito que deva
ser o processo de definição dos autores de projetos pelos incorporadores e demais
profissionais que são responsáveis pelo desenvolvimento de produtos
imobiliários de forma a obterem maior qualidade, assertividade e, até, engajamento
de seus clientes.
Leia também: “O papel da Arquitetura nomercado imobiliário brasileiro” e “Construir cidades: uma missão para arquitetos e incorporadores”
Definir
o profissional (e a equipe) que será responsável pela concepção e
desenvolvimento do produto, sem dúvidas, deve ser uma das tarefas na qual o
incorporador deve colocar mais energia, pois dela dependerá, muitas vezes, o
sucesso ou insucesso do negócio todo. E, é até dolorido afirmar, mas muitos
empresários e diretores do setor não têm, ainda, a exata dimensão do quanto
fazer uma escolha errada neste momento pode afetar seu resultado depois.
Então,
o que deve ser considerado nesse momento?
O
primeiro ponto é conhecer bem seu cliente e qual tipo de arquitetura você
acredita que o agradaria mais e, nesse sentido, estou falando apenas de
estética. Para chegar a esse nível de entendimento é preciso ter grande
proximidade e empatia com o público definido, pois, sem isso, qualquer posicionamento
é meramente uma opinião ou “achismo”.
Tendo
claro qual linguagem arquitetônica é mais apropriada ao futuro cliente, o
próximo passo é haver uma curadoria de arquitetura entre os profissionais mais
renomados e que possam agregar valor ao empreendimento.
- Nessa curadoria, além da estética e nome, é preciso levar em conta:
- Capacidade de equipe para cumprir o cronograma definido para o negócio;
- Histórico da eficiência construtiva atingida em projetos anteriores;
- Estrutura técnica e tecnológica atual e alinhada com as demais disciplinas que atuarão no projeto e com a demanda de mercado.
2. Arquitetura de Interiores e Paisagismo
A
escolha do arquiteto de interiores e do paisagista do produto deve ser feita
após a definição da autoria do projeto. Isso porque os estilos adotados por esses
profissionais devem ser totalmente compatíveis e, de certa forma,
complementares.
Mais
uma vez, é indicada a realização de uma curadoria e não, simplesmente, uma
concorrência de preços, como são costumam ser conduzidos tais processos na
maioria das empresas. E, também aqui, além do estilo e do nome, é preciso levar
em conta:
- Capacidade de equipe para cumprir o cronograma definido para o negócio;
- Portfólio de projetos anteriores para o mercado imobiliário;
- Estrutura técnica e tecnológica atual e alinhada com as demais disciplinas que atuarão no projeto e com a demanda de mercado.
Além
dessas especialidades dentro da arquitetura, que devem, necessariamente, fazer
parte do desenvolvimento de um produto imobiliário, existem outras que podem
vir a ser necessárias ou mesmo que são recomendadas, mas não obrigatórias. São
elas:
3. Urbanismo
É importante
a contratação de um profissional (escritório) especializado para o
desenvolvimento de empreendimentos em grandes glebas, com abertura de vias e
diversas incorporações imobiliárias mesmo que não se trate de um loteamento,
propriamente dito (conforme Lei 6.766/79).
Apenas
um urbanista é capaz de extrair o máximo de aproveitamento com qualidade
espacial em uma implantação dessa natureza.
Nesse
caso, continuam valendo para a definição do profissional a ser contratado as
mesmas recomendações quanto a capacidade de atendimento ao cronograma e
estrutura técnica e tecnológica, assim como a análise do portfólio de projetos
anteriores.
4. Luminotécnica
Essa
especialidade nem sempre é contratada para o desenvolvimento de produtos
imobiliários, pois em empreendimentos de padrão mais popular existe a tendência
de querer economizar recursos também na contratação de projetos.
Tal
prática, embora compreensível, pode ser questionável, uma vez que sempre que se
investe em inteligência e projetos complementares, realizados por especialistas,
há maior probabilidade de se atingir economia na execução da obra, e não é diferente
nesse caso.
O
papel do especialista em luminotecnia (que na maioria das vezes é um arquiteto)
é projetar como será a iluminação interna e externa de determinado empreendimento.
E nesse ponto inclui-se definir a quantidade de luz necessária em cada ambiente
e a forma mais eficiente de se chegar a ela, com a escolha de lâmpadas,
luminárias e sistemas mais adequados e a localização ideal para cada item.
Mesmo
quando se tem um produto mais rebuscado, que é chamado de “alto padrão”, o
papel desse profissional é atingir os efeitos esperados de iluminação,
atendendo aos autores dos projetos de arquitetura, interiores e paisagismo, com
o máximo de eficiência tanto para o orçamento da obra, quanto para a operação
da edificação.
Em
cidades afastadas de grandes centros, às vezes é difícil encontrar todos os
profissionais necessários para a realização de um projeto imobiliário e há uma “crença”
de que é melhor contratar escritórios locais, pois caso contrário, o público não
irá se identificar com o produto. Posso afirmar, com toda certeza, que isso não
é verdade, e tenho diversos casos de sucesso em minha carreira que comprovam
tal afirmação. O mais indicado, sempre, é que o incorporador coloque a
qualidade acima de qualquer bairrismo ou economia na hora de realizar a
contratação destes profissionais, pois o consumidor atual sabe reconhecer e
valorizar quando o produto é desenvolvido com o devido profissionalismo.
O
que eu pretendi ponderar com este artigo é que sempre é ideal se contratar
arquitetos especialistas, se possível renomados, em determinadas áreas de
atuação, pois assim, sem dúvidas, é possível se minimizar riscos comerciais, através
do atendimento das expectativas do cliente, e riscos de execução, através do
perfeito atendimento aos cronogramas e da adoção de soluções e projetos técnicos
bem qualificados.
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